Como lidar com uma criança autista? - Cabeça de Criança

Como lidar com uma criança autista?

Criança autista



autista

Dois de abril é o Dia Internacional da Conscientização do Autismo, que tem o objetivo de divulgar informações sobre o distúrbio e discutir maneiras de inclusão do autista. A data é marcada pela iluminação na cor azul de diversos monumentos pelo mundo.

Leia também:
Meu filho ainda não anda, e agora?
Os primeiros brinquedos do bebê

Autismo é um transtorno do desenvolvimento que afeta a capacidade do portador de se comunicar, se entrosar, brincar e manter o contato visual com os demais. Abala a maneira de se relacionar com outras pessoas e com o mundo ao seu redor. É uma condição de “espectro”, ou seja, atinge os portadores em diferentes níveis.

Segundo o presidente nacional do Movimento Orgulho Autista Brasil (Moab), Fernando Cota, os pais devem observar com cuidado crianças com uma conduta distante, retraída, que não aceitam colo e têm comportamento diferente das demais. Outros sintomas para a detecção precoce do autismo, que podem ser observados desde os seis meses de idade, são ausência de sorrisos e de imitação de expressões faciais dos adultos; ausência de contato visual; não seguir objetos com os olhos; não responder quando chamado pelo nome e não balbuciar sílabas (esses dois últimos acendem o sinal de alerta a partir de um ano de idade).

Apresentar essas características não significa necessariamente que a criança se encaixa em algum ponto do espectro do autismo, mas vale consultar um especialista caso elas estejam presentes. Cota também diz que 50% dos portadores de autismo têm fixação por assuntos específicos.

Por apresentarem dificuldades na socialização, as crianças autistas requerem uma atenção especial. Veja as dicas da Sociedade Nacional Autística do Reino Unido e de Temple Grandin, cientista americana autista especialista em comportamento animal, de como ajudar meninos e meninas portadores dessa condição a se relacionarem. A pesquisadora foi retratada no filme “Temple Grandin”, de 2010, no qual foi interpretada pela atriz Claire Danes.

Algumas orientações se aplicam a qualquer criança, mas entre os autistas elas são ainda mais importante de serem ressaltadas:

Ensine a criança a dizer “por favor” e “obrigado” e a cumprimentar as pessoas. Alguns autistas têm dificuldade até em fazer contato visual, então é importante reforçar essas pequenas gentilezas do cotidiano. Não se esqueça de você também praticá-las, já que os pequenos aprendem muito por imitação.

 Ensine boas maneiras com calma e paciência. Autistas podem achar complicado entender códigos sociais e regras de bom comportamento. Se a criança faz algo de um jeito errado, como comer comida com as mãos ou mostrar a língua para alguém, não grite “pare com isso” ou algo do gênero. Apenas explique, com a voz tranquila, como é a maneira correta.

 Rotina é importante. Ter um esquema bem estruturado de atividades ajuda o autista a prever eventos e sentir-se menos ansioso. Mudanças bruscas sem aviso prévio devem ser evitadas.

 Ensine à criança a aguardar a sua vez. Isso pode ser aprendido por meio de jogos de tabuleiros, cartas, ou no revezamento nas atividades familiares. Por exemplo, a cada ida ao cinema um membro da família escolhe o filme.

– Autistas podem ser sensíveis a ruídos, luz, calor ou cheiros. As atividades e devem ser realizadas, na medida do possível, em ambientes calmos e livres de perturbações ou barulhos que possam causar ansiedade. Use um tom de voz calmo e movimentos corporais suaves.

 Mostre o valor do dinheiro e ensine à criança como fazer compras. Temple conta que, na infância, recebia uma mesada semanal para comprar pequenos brinquedos, revistas em quadrinhos e doces. Ela tinha que juntar o dinheiro até ter a quantia suficiente e conversar ela mesma com o vendedor, supervisionada de longe pela mãe.

– Fale com a criança de maneira clara, objetiva e literal. Alguns autistas têm dificuldade em compreender abstrações e figuras de linguagem.

 Incentive a criança a praticar atividades artísticas, como desenho.

– Encoraje a criança a experimentar novas atividades ou tarefas, dentro de uma expectativa realista. Isso ajudará a melhorar sua autoestima.

 Se a criança tiver um ataque de birra, tente manter a calma. Quando isso acontecia com Temple, sua mãe a levava para o quarto e deixava que ela gritasse o quanto quisesse. Quando ela se acalmava, podia voltar a se juntar à família, mas ficava sem ver televisão naquele dia, como castigo.

 Dê escolhas à criança para evitar um comportamento negativo. Por exemplo, diga que ela pode fazer a lição de casa antes ou depois do jantar. Separe algumas peças de roupa e deixa-a escolher o que quer vestir dentro dessa seleção.

 É bom elogiar a criança quando ela supera alguma dificuldade, mas tome cuidado com os excessos. Se ela tem problemas para aprender a ler, por exemplo, pode ser interessante elogiá-la bastante durante as atividades de leitura. Mas não precisa exaltar o tempo todo quando a criança realiza corretamente as atividades cotidianas que são esperadas dela, como arrumar a cama ou se vestir sozinha.

– Tente se colocar no lugar da criança e entender como ela percebe e sente o mundo a sua volta. Fazendo isso você vai criar uma empatia com ela, o que vai ajudar na comunicação e relacionamento.

– Avalie, junto ao médico ou a um terapeuta ocupacional, se a criança precisa de terapia de integração sensorial, que usa técnicas que podem ajudar o autista a se tornar mais calmo, atento e ajudar no desenvolvimento da fala, audição e da habilidade de ler.

Saiba mais:
Entrevista com Temple Grandin, cientista autista americana especialista em comportamento animal
Movimento Orgulho Autista Brasil
Associação de Amigos do Autista
Associação Brasileira de Autismo

Fontes: Agência Brasil e Sociedade Nacional Autística do Reino Unido e Help Guide

Foto: Lance Neilson / 88x31

  • Back to top