Aprender a falar é um dos grandes marcos do desenvolvimento de uma criança. Claro que a comunicação dos bebês começa muito antes, com gestos, balbucios de sílabas e até com o choro. Mas é com a linguagem falada que a criança realmente começa a interagir de maneira mais complexa com o mundo e as pessoas ao seu redor.
Leia também:
Livro pode ajudar no sono das crianças
Estreia documentário sobre a importância da primeira infância
E é fascinante acompanhar esse processo. Ver seu filho adquirir novas palavras a cada dia e aprender a se expressar e até a argumentar é um dos aspectos mais interessantes da maternidade, na minha opinião.
Veja nossas dicas para estimular o desenvolvimento da linguagem em seu filho de acordo com a Nuk, companhia alemã que fabrica mamadeiras e outros utensílios para alimentação da criança, e Lavinia Springmann, fonoaudióloga da empresa no Brasil:
– Ainda na maternidade, pergunte se o seu bebê será submetido ao “teste da linguinha”, que é uma avaliação para detectar possíveis alterações no “frênulo”, também chamado de freio, que é a membrana que liga a língua à parte inferior da boca. Problemas nessa membrana podem acarretar língua presa, dificuldades para mamar e se alimentar e atrapalhar o desenvolvimento da linguagem posteriormente. Dependendo do caso é feito um corte no freio para que a língua ganhe mais movimento.
– Aproveite as atividades diárias, como amamentação, banho e troca de roupas, para estabelecer um diálogo com o seu bebê. Descreva as situações que estão ocorrendo no momento ou o que o que você está fazendo, por exemplo. “A partir dos seis meses o bebê começa a balbuciar alguns sons”, diz Lavinia.
– Brinque com seu filho usando ações motoras, como esconder objetos para que a criança possa achá-los. Nos primeiros dois anos de vida, período chamado sensório-motor e pré-verbal, a criança precisa de experiências concretas e exploração de objetos.
– Quando a criança começar a falar as primeiras palavras, valorize suas tentativas com reforços positivos. Não corrija as primeiras palavras (omissões e substituições de fonemas fazem parte do desenvolvimento).
– Não estimule a comunicação da criança por meio de gestos. Encoraje-a a se expressar verbalmente. Se ela aponta para um objeto para pedir alguma coisa, por exemplo, pergunte a ela se é isso mesmo o que ela quer.
Veja as dicas da fonoaudióloga Lavinia Springmann:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=dqbWX4GzwIQ]
– A alimentação também é um aspecto importante no desenvolvimento da linguagem. Oferecer gradualmente alimentos com mais pedaços e texturas ajuda a desenvolver a mastigação e estimular músculos da boca que também serão usados na fala. “A criança que só come papinha vai demorar mais para falar”, diz Lavinia. Segundo a fonoaudióloga, um bebê que mamou exclusivamente no peito até os seis meses já pode começar a comer alimentos amassados com o garfo desde o início, sem precisar triturá-los, pois já tem a musculatura desenvolvida para isso. Se esse não é o caso do seu filho, consulte o pediatra ou um nutricionista infantil para saber como proceder na introdução alimentar.
– A partir dos dois anos, você pode estimular aspectos cognitivos da linguagem, ou seja, a aquisição do conhecimento pela memória, percepção, raciocínio, imaginação e associação. Você pode começar a ensinar noções de cor, forma, tamanho, percepção espacial (em cima, embaixo, dentro, fora, frente, atrás), noção de direita e esquerda, percepção temporal (dia, noite, ontem, hoje, amanhã). Jogos de montar são ótimos para ajudar nos estímulos das funções básicas da linguagem. “As crianças começam a formar frases simples por volta dos dois anos”, diz Lavinia.
– Preste atenção na respiração do seu filho. “Dormir com a boca aberta deforma as estruturas da boca, que ainda são mais moles na criança pequena, e pode causar problemas dentários e atrapalhar o desenvolvimento da linguagem”, afirma a fonoaudióloga.
– Quando a criança já estiver falando com mais fluência, não a repreenda se ela pronunciar uma palavra incorretamente. Aceite as palavras erradas, mas ajude a criança a desenvolvê-las. Você pode corrigi-la sem “dar bronca”. Outra tática é repetir o que ela falou com a pronúncia correta, para ela ouvir o jeito certo. Não imite o erro e nem use linguagem infantilizada. Nota da autora deste blog: eu confesso que acho super bonitinho algumas palavras erradas que meus filhos falam e às vezes eu acabo as repetindo porque acho fofo. Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço, rs.
– Não compare a linguagem do seu filho com a de seus irmãos ou colegas.
– Se até os quatro anos a criança ainda pronunciar muitas palavras de maneira incorreta, é bom consultar um fonoaudiólogo para checar se está tudo bem. “Os fonemas ‘pr’ e ‘br’ são alguns dos mais difíceis de falar e geralmente os últimos que a criança aprende a pronunciar corretamente”, afirma Lavinia Springmann. Falar algumas palavras incorretamente não quer dizer que há algum problema no desenvolvimento da linguagem, mas é recomendado consultar um especialista para avaliação.
Foto : Monica Campi /