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Beber bastante água, lavar e hidratar as narinas e fazer inalação estão entre as orientações dos pediatras
Estamos vivendo um período de inverno com tempo seco, ou seja, baixa umidade, em diversas regiões do país. Essa combinação é muito ruim para a saúde das crianças, especialmente aquelas que já sofrem com problemas respiratórios, e até faz aumentar a procura por atendimento em hospitais infantis.
Em São Paulo, por exemplo, tivemos nesta quarta-feira (24) o dia mais seco do mês, com apenas 30% de umidade do ar, índice que fica no limite do estado de atenção. Abaixo disso, começa o estado de alerta para o indicador. Para se ter uma ideia, a umidade no Deserto do Saara gira em torno de 25%.
Conversamos com a pediatra Geisa Quental, de São Paulo, para saber como lidar com a secura do clima.
1 – Beba Água
Segundo a médica, a coisa mais importante a se fazer em períodos de tempo seco é beber bastante água. Cerca de 60% do peso de uma criança (e 70% do corpo adulto) é formado por água. O líquido está presente em absolutamente todas as reações químicas do organismo.
Quando a umidade está baixa, o corpo se defende produzindo mais mucina, proteína presente nas áreas de mucosa do corpo, para manter a lubrificação dos tecidos.
Mas, para produzir essa lubrificação, precisamos estar hidratados. Geisa recomenda que, em épocas de tempo seco, que cada indivíduo beba cerca de 50 ml por quilo corporal, por dia, de água. Em climas mais úmidos, a quantidade pode ser recalculada para 30 a 40 ml por quilo/dia.
Porém, a pediatra faz um alerta: “não espere sentir sede para beber água, pois isso é um sinal de que o corpo já está desidratando”. Ou seja, beba água mesmo sem sentir sede. No caso das crianças, vale o mesmo: não espere elas sentirem sede, ofereça água constantemente.
Atenção: não vale substituir a água por líquidos como refrigerantes ou café, nem mesmo suco, que tem uma grande concentração de sais minerais. É para beber água mesmo, ou no máximo água de coco ou chás bem diluídos.
A médica faz outra ressalva. Muitas vezes, neste tempo seco e frio, sentimos vontade de comer a toda hora, de beliscar constantemente. É quase que um consenso comum que, no inverno, sentimos mais “fome”. Porém, Geisa alerta que, muitas vezes, essa impulso por ingerir alimentos é, na verdade, uma sede disfarçada. Portanto, se sentir mais vontade de comer nessa época, experimente beber um copo de água primeiro.
2 – Inalação e nebulizador
Somando a falta de hidratação à poluição das grandes cidades, o tempo seco pode fazer com que apresentemos sintomas como:
– Tosse
– Olho seco
– Coceira no olho ou nariz
– Dor nos olhos
– Secreções duras no nariz
– Maior incidência de asma e rinite em indivíduos pré-dispostos
– Dificuldade para respirar
Para combater esses sintomas, além de beber bastante água, outros truques podem ajudar, como fazer inalação com soro fisiológico. Principalmente se a criança apresentar tosse durante a noite.
Segundo a pediatra Geisa Quental, de madrugada ocorre o fenômeno da inversão térmica. Durante o dia, o ar está mais quente, portanto ele sobe, “empurrando” os poluentes com ele. Durante a noite o ar esfria, trazendo para baixo esses poluentes e provocando tosse em pessoas mais sensíveis, como os alérgicos.
Para enfrentar esse problema, além da hidratação e da inalação, é possível também ligar um nebulizador na casa para aumentar a umidade do ar. Mas atenção: a médica recomenda que esse aparelho não seja ligado diretamente no quarto da criança, principalmente se ela já tem algum problema respiratório.
É que a umidade pode penetrar nos tecidos, como colchões e travesseiros, transformando-os em ambientes propícios para o surgimento de fungos, o que pode agravar os problemas respiratórios a médio e longo prazo. O ideal é ligar o nebulizador em um ambiente azulejado, como o banheiro mais próximo do quarto.
Um truque antigo que também funciona é deixar uma toalha úmida pendurada no quarto. “A secagem dela vai liberando vapor de água no ambiente”, diz Geisa. Outra dica muito disseminada é deixar uma bacia com água no quarto mas, segundo a médica, o uso da toalha úmida é muito mais eficaz para aumentar a umidade do ambiente.
3 – Lavar as narinas
Outro procedimento importantíssimo para os períodos de tempo seco é usar diariamente umidificadores nasais, sejam em conta-gotas ou spray. A falta de hidratação nasal pode, inclusive, levar a sangramentos dos vasinhos superficiais do nariz. Se a criança tiver o nariz muito seco, pode-se também aplicar um gel hidrante das mucosas nasais, encontrado em farmácias. Atente-se apenas à concentração de cloreto de sódio desses produtos, que para as crianças deve ser de até 0,9%. Na dúvida sobre qual tipo de produto usar e com qual concentração, pergunte ao pediatra.
Geisa recomenda que todos, crianças e adultos, lavem as narinas todos os dias, mesmo que a pessoa não esteja resfriada ou com o nariz entupido, para retirar fuligem e poluentes. “Um bom momento par a limpeza é antes ou depois do banho”, diz a médica.
A pediatra indica, inclusive, a prática da lavagem nasal com seringa e soro fisiológico que, por utilizar um volume maior do que os produtos em conta-gotas ou spray, acaba limpando o nariz com mais eficácia. “Pode-se usar de 10 a 20 ml em casa narina, ou até limpar totalmente, em caso de crises de rinite ou presença de secreção”, diz.
Veja um vídeo das pediatras Renata Pilan e Renata Lopes Mori ensinando métodos de lavagem nasal: