Milhares de crianças e adolescentes estão sendo internados na Inglaterra por causa de distúrbios do sono. Segundo o jornal The Guardian, casos de insônia quase dobraram em sete anos. Especialistas atribuem o problema ao aumento dos níveis de obesidade, ao uso excessivo de redes sociais antes de dormir e a uma crise de saúde mental envolvendo os jovens.
LEIA MAIS:
- Excesso de telas prejudica habilidades motoras das crianças, diz estudo
- Sete a cada dez crianças têm o próprio celular antes dos 10 anos
- 25 ideias de quarto com beliche que vão te surpreender
O Guardian analisou dados do NHS Digital, parceiro nacional de informação e tecnologia do sistema de saúde e assistência social britânico, que revelou que as internações de menores de 16 anos com diagnóstico primário de distúrbio do sono aumentaram de 6.549 em 2012/13 para 9.451 em 2017/18 e 11.313 em 2018/19. Para efeito de comparação, as internações envolvendo todas as idades aumentaram ligeiramente entre 2012/13 e 2018/19, passando de 29.511 para 30.098.
“O aumento está ligado a uma série de fatores, em primeiro lugar, problemas respiratórios com distúrbios do sono relacionados à obesidade. É sabido que existe um problema em torno da obesidade infantil no Reino Unido. O que não é reconhecido é que a má qualidade do sono pode ser um fator determinante para ela, afetando a liberação de hormônios que controlam o apetite e a fome”, afirmou Vicki Dawson, fundadora da Children’s Sleep Charity. Ela também aponta um forte vínculo entre a ansiedade e a falta de sono e alerta ainda para o impacto no sono do uso excessivo de telas.
Rachael Taylor, fundadora do Sleep Sanctuary, reforça a preocupação de Vicki Dawson com a tecnologia.“A luz azul emitida pelas telas de telefone, tablet, computador e TV interrompe a produção natural de melatonina, que inibe o sono. Cada vez mais, vejo mais crianças sendo mandadas para a cama com uma tela para ajudá-las a dormir, quando na verdade isso atrapalha o sono”, explica.
Ele também observou o aumento da ansiedade entre as crianças e adolescentes. Para Rachael Taylor, as crescentes pressões e expectativas sobre os jovens e uma dependência excessiva das redes sociais em uma cultura de conexão ininterrupta são questões centrais nos distúrbios do sono. Na Millpond Sleep Clinic, uma clínica particular para crianças em Londres, o fundador Mandy Gurney disse que as descobertas do Guardian eram “muito preocupantes” e pareciam estar ligadas ao “aumento cada vez maior das taxas de obesidade em crianças”.
Os dados do sistema de saúde britânico consideram apenas casos graves de distúrbio do sono. A maioria das internações registradas foi por apneia do sono, um distúrbio grave que ocorre quando a respiração é interrompida durante a noite. O número de admissões de jovens atingiu 7.557 em 2016/17, em comparação a 5.675 em 2012/13. Se a apneia obstrutiva do sono não for tratada, pode aumentar o risco de desenvolver pressão alta, derrame e infarto.