Publicado na revista BMJ, o estudo que recomenda que grávidas parem de consumir café gerou controvérsia entre especialistas. Para a comunidade científica ouvida pela CNN, não há necessidade de mudar a orientação atual, que limita o consumo de cafeína a 200 mg por dia.
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O professor Jack James, da Universidade de Reykjavik, na Islândia, pediu uma “revisão radical” da diretriz atual. A nova pesquisa analisou 37 estudos de observação sobre a conexão entre a cafeína e os desdobramentos na gravidez e descobriu que o consumo da substância pelas gestantes está associado ao risco de aborto espontâneo, natimortos, bebês com baixo peso no nascimento, leucemia aguda infantil e obesidade na infância.
O médico Christopher Zahn, vice-presidente de atividades práticas do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, descartou a possibilidade de aborto ou parto prematuro pelo consumo moderado de cafeína.
O Royal College of Obstetricians and Gynecologists (RCOG) adotou a mesma linha de argumentação. “O conselho de limitar a ingestão de cafeína a 200 mg por dia – o equivalente a duas xícaras de café instantâneo – continua de pé”, defendeu o obstetra Daghni Rajasingham.
“Outras pesquisas – e potencialmente mais confiáveis – descobriram que as mulheres grávidas não precisam cortar totalmente a cafeína porque esses riscos são extremamente pequenos, mesmo se os limites recomendados de cafeína forem excedidos”, reforçou.
O professor de neurologia da Escola de Medicina de Harvard, Alan Leviton, afirma que a publicação se baseia em dados de consumo imprecisos. Para os médicos, o estudo de observação não pode estabelecer relação de causa de efeito entre o café e os riscos para as grávidas.
Cathy Knight-Agarwal, especialista em nutrição e dietética na Universidade de Canberra, na Austrália, lembra que a cafeína pode ser encontrada em vários alimentos e bebidas além do café, como chás, refrigerantes, bebidas energéticas e chocolate. “Se as mulheres grávidas cortassem os produtos com cafeína de sua dieta, isso comprometeria seu estado nutricional. A resposta é um grande ‘não’”, concluiu.