Entre tantas campanhas de meses e cores relacionadas a causas da saúde, novembro também é classificado como Novembro Roxo, para chamar a atenção sobre a prematuridade. No Brasil, 10% dos bebês nascidos são prematuros, cerca de 330 mil crianças.
Segundo a ONG Prematuridade, o tempo de internação médio do recém-nascido prematuro é de 51 dias. Entre as intercorrências mais citadas entre os bebês prematuros estão hemorragia, anemia, transfusões de sangue, icterícia e apneia.
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No episódio 16 do Podcast É A Mãe!, as apresentadoras Bárbara dos Anjos Lima e Juliana Tiraboschi conversaram com a produtora de eventos Tatiane Rocha do Carmo Leonel. Ela acaba de lançar o livro “De Mãe Para Mãe” no qual ela fala sobre a prematuridade de seus filhos.
Por duas vezes ela teve que enfrentar a UTI neonatal, em duas gestações diferentes, separadas por quatro anos. Ambos os filhos de Tatiane nasceram de 26 semanas, um com 630g, e o outro com 571g. Somados, Pedro e Rafael acumularam nove meses de internação na UTI, o que Tatiane define como uma “terceira gestação”, período que foi necessário para seus filhos terminarem de se desenvolver e ganharem força para ir para casa.
No podcast e em seu livro, Tatiane conta como foi descobrir que seu primeiro filho teria que nascer com apenas 24 semanas de gestação, por conta de um quadro de síndrome de Hellp e pré-eclâmpsia, e como foi o processo de recuperação dele na UTI e, depois, com um esquema de home care em casa.
Quatro anos depois, Tatiane decidiu ter o segundo filho. Mesmo com todos os cuidados do pré-natal, ela repetiu a sina: com 24 semanas de gestação sua pressão arterial subiu muito e, com a vida do bebê e a sua própria vida em risco, teve de encarar um parto prematuro mais uma vez.
Ouça o depoimento de Tatiane:
Segundo a enfermeira Aline Hennemann, docente de enfermagem do Centro Universitário Ritter dos Reis, o Uniritter, em Porto Alegre, e vice-diretora da ONG Prematuridade, o mais importante para evitar um parto prematuro é fazer um bom pré-natal, com todos os exames necessários e seguindo as recomendações dos médicos.
As principais causas da prematuridade são o consumo de drogas, cigarro e álcool durante a gestação, gravidez na adolescência, doenças como diabetes e hipertensão,
infecções urinárias e questões genéticas.
“É um direito da gestante realizar as consultas de pré-natal. Busquem as unidades básicas de saúde”, diz Aline. A enfermeira também aconselha a grávida a não ir sozinha nas consultas, já que são muitas informações para memorizar.
Mas, mesmo com todos os cuidados do pré-natal, o bebê pode nascer prematuro. Como no caso de Tatiane, que fez todos os exames possíveis e teve um acompanhamento ainda mais cuidadoso na segunda gestação.
Quando o parto prematuro é inevitável, Aline Hennemann destaca que a presença dos pais na UTI é imprescindível. “Pai e mãe não são visitas dentro da UTI. Eles fazem parte do processo de recuperação do bebê”, diz. Portanto, é importante que os pais passem a maior quantidade de tempo possível com seus filhos no hospital. “Também é importante que os pais não vão para casa com dúvidas. Uma pequena dúvida pode se tornar uma insônia, aí os pais não conseguem descansar”, afirma.
Ainda segundo o estudo da ONG Prematuridade, a partir de dados compartilhados por 3 mil pais, familiares e amigos de bebês que nasceram prematuros no Brasil, mostrou que, em média, os prematuros nascem com 32 semanas, pesando 1,4 quilos e com comprimento de 38,4 centímetros.
O levantamento também apurou que 12,4% dos prematuros ficaram com sequelas, sendo que a dificuldade motora é a mais comum, com 40,1% dos casos. Em seguida aparecem os problemas respiratórios com 34,4%, a dificuldade visual com 21,4% e as dificuldades nutricionais e alimentares com 14,5%.
Um outro estudo, da Santa Casa de Misericórdia e Maternidade de Rondonópolis (MT), apresentado em 2017, mostrou que o custo da prematuridade para a saúde pública é de R$ 15 bilhões por ano, considerando a média de custos diários por paciente na UTI neonatal, que é de R$ 934,48.