A suspensão das atividades escolares e extracurriculares por conta da pandemia do novo coronavírus afetou a vida social de crianças e adolescentes. Apesar do relaxamento das medidas de isolamento, o ano letivo terminou e muitos acampamentos estarão fechados neste verão no Hemisfério Norte. Esse novo cenário pode colaborar para a volta dos laços de amizade entre as crianças vizinhas, opina a psicóloga clínica Julie Wargo Aikins, em um artigo publicado no site da CNN.
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Os pais podem colaborar nesse processo, formando uma rede de relações sociais com os vizinhos para promover o relacionamento entre os filhos. Estruturar o dia das crianças, sugerindo horários para brincadeiras dentro e fora de casa, é uma maneira de encorajá-los. Essa reaproximação dos pais com os vizinhos poderá até despertar um sentimento de nostalgia da própria infância, quando as brincadeiras na rua eram interrompidas aos berros pelas famílias na hora do jantar.
Incentivar a amizade entre crianças vizinhas é uma forma de ajudá-las a combater o sentimento de solidão desencadeado durante a pandemia. A psicóloga aponta que pesquisas mostram que crianças com boas amizades se sentem menos solitárias, deprimidas e ansiosas e têm menos probabilidade de ter problemas em suas comunidades.
Alguns estudos também constatam que as brincadeiras entre vizinhos podem ajudar o desenvolvimento das crianças graças à convivência de grupos de idades variadas. As crianças mais velhas podem servir como modelos para as mais jovens, por exemplo.
Nos últimos 30 anos, as amizades entre as crianças foram firmadas em grande parte na sala de aula e durante atividades extracurriculares. Isso porque, em média, elas passam 6,5 horas por dia na escola, sendo que 57% das crianças passam todos os dias ou quase todos envolvidas em outras atividades.
Com a pandemia, a dinâmica de vida de crianças e adolescentes mudou drasticamente e de forma repentina. Os mais velhos conseguiram manter o vínculo com os amigos por meio das mídias sociais. Mas, para crianças mais novas, é menos provável que essa abordagem tenha funcionado. Diante do retorno à vizinhança, andar pela calçada tomando cuidado para não pisar nos desenhos feitos de giz no asfalto ou ver crianças pulando corda e jogando bola pode se tornar o “novo” normal.