Quase um terço dos recém nascidos infectados com Covid-19 contraíram a doença no útero ou logo após o nascimento, de acordo com reportagem do jornal britânico The Guardian.
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Enquanto a taxa de contaminação por Covid-19 em recém nascidos é baixa, os médicos estão tentando entender os possíveis riscos para a saúde e desenvolvimento dos bebês caso o teste seja positivo.
Médicos da França examinaram 176 casos publicados de infecções pelo coronavírus em recém nascidos, em que os bebês testaram positivo pelo menos uma vez ou mostraram ter anticorpos em seus organismos.
A maioria dos bebês (70%) foram infectados no hospital pela equipe médica, outros pacientes, membros da família ou visitantes infectados. O resto dos casos foram passados diretamente pela mãe antes ou durante o nascimento.
Daniele De Luca, diretor do centro de pediatria e UTI Neonatal do hospital Antoine Béclère em Paris, disse ao The Guardian que, apesar de raro, é importante que os médicos saibam da possibilidade dos recém nascidos contraírem o Covid-19 no hospital. “No começo da pandemia, alguns diziam que o vírus nunca chegaria aos bebês. É raro, mas acontece”.
Um estudo publicado pelo Nature Communications descobriu que metade dos recém nascidos infectados pelo Covid-19 foram assintomáticos. Os que desenvolveram sintomas, 64% tiveram complicações nos pulmões, 52% sofreram de problemas ao respirar, 44% tiveram febre e 36% tiveram dificuldades ao se alimentarem, vômitos e diarreia.
Um número menor de bebês que contraíram o vírus (18%) desenvolveram problemas neurológicos, como irritabilidade e letargia, até problemas nos músculos que faziam com que eles ficassem muito moles ou muito enrijecidos.
Os casos revelaram que esse é pior cenário de contração da Covid-19 nos bebês. De Luca afirmou que, de todos os casos revisados, pouquíssimos desenvolveram complicações graves e quase todos se recuperaram.
Outro dado importante revelado pelo estudo é que os médicos não encontraram riscos extras da amamentação de uma mãe infectada pelo vírus, mas que, para os bebês, as chances deles contraírem o vírus da mãe, logo nos primeiros dias de nascimento, era cinco vezes maior do que se a mãe e o bebê ficassem longe um do outro. Daniele De Luca ressalta a importância da mãe fazer uma quarentena, se possível.