O pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 durante a pandemia do novo coronavírus evitou que 5,6 milhões de crianças de até 13 anos passassem a ficar abaixo da linha de extrema pobreza no Brasil. A estimativa obtida pelo Valor foi calculada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid, do IBGE.
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O levantamento aponta que, em maio, 2,27 milhões de crianças brasileiras estavam abaixo da linha de extrema pobreza – ou seja, viviam com menos de US$ 1,90 de renda domiciliar per capita por dia. Esse número representa 5,5% do total de pessoas inclusas nessa faixa etária. Caso não houvesse a distribuição do auxílio para trabalhadores informais e de baixa renda, o total de crianças em situação de miséria no Brasil seria de 7,9 milhões no mesmo período.
O cálculo já considera que as famílias dessas crianças continuariam recebendo o benefício do Bolsa Família. Se elas não fossem beneficiárias do programa nem tivessem o auxílio emergencial, o número de crianças em extrema pobreza subiria para 9,11 milhões em maio (22,2% do total).
A distribuição do auxílio emergencial contribuiu também para evitar o aumento da miséria da população em geral. Segundo os cálculos do Ibre/FGV, o benefício evitou que 19,17 milhões de pessoas caíssem na pobreza extrema em maio. Sem o auxílio de R$ 600, a parcela da população nessa situação saltaria de 4,2% (8,83 milhões de pessoas) para 13,3% (28 milhões de pessoas).
A análise ainda considerou outra faixa de renda, a da linha de pobreza – critério usado para classificar quem vive com até US$ 5,50 por dia. Nesse caso, o auxílio emergencial também evitou que 6,6 milhões de crianças caíssem na pobreza. Sem ele, o número de crianças nessa situação teria subido de 14,9 milhões (36,4% do total) para 21,5 milhões (52,5% do total)