Foto: Reprodução / Facebook
Uma foto de um bebê recém-nascido com um DIU (dispositivo intrauterino) preso em seu cabelo viralizou na internet nesta terça-feira (27).
A foto, postada pela americana Cadesia Foster, teve 8 mil curtidas e 39 mil compartilhamentos até agora. Porém, Cadesia não é mãe do bebê da foto, e disse não saber mais informações sobre o caso.
Não se sabe se a foto é real, mas o Cabeça de Criança consultou duas ginecologistas e obstetras para saber se isso é possível mesmo de acontecer.
Segundo Ana Paula Mondragon, da clínica Premium Life, uma situação dessas é possível sim, embora seja muito difícil, já que, quando a mulher engravida usando o DIU, o dispositivo, em tese, não fica em contato com o bebê, que fica protegido dentro da bolsa amniótica. “Quando o bebê nasce, o DIU sai junto com a placenta”, diz Ana Paula.
No caso da foto em questão, pode ter acontecido de o bebê ter tido contato com o DIU no momento do parto.
Outra possibilidade, diz a ginecologista e obstetra Mariana Rosário, do Hospital Albert Einstein, é que o DIU tenha perfurado a bolsa durante o desenvolvimento e chegou até o bebê. “Nesse caso a perfuração pode ter sido pequena e não chegou a vazar líquido, e o próprio útero acaba tamponando o buraquinho”, afirma a médica.
Gravidez e DIU
Segundo explica Mariana Rosário, existem dois tipos de DIU: o de cobre, que elimina o espermatozoide, e tem uma durabilidade de até 10 anos, e o hormonal, de progesterona, que engrossa o muco cervical para impedir a passagem do espermatozoide e afina o endométrio para o embrião não conseguir fixar-se nele. Este costuma durar até cinco anos.
De acordo com Ana Paula Mondragon, o DIU é um dos métodos anticoncepcionais mais eficazes que existem. “Para nós, ginecologistas, ele é um dos métodos mais seguros”, diz. Estatisticamente, a cada 100 mulheres usando o DIU de cobre, 0,6 engravidaria. Com o DIU de progesterona, a falha seria de 0,1. “O Brasil ainda não tem a cultura de usar DIU, as mulheres ainda tem medo. Mas a maioria das mulheres médicas usa esse método”, diz a ginecologista.
Mas, para que o DIU atinja essa eficácia, é preciso que a técnica de inserção seja correta, que o profissional tenha o treinamento para isso. Segundo Ana Paula Mondragon, as taxas de expulsão do DIU são muito maiores nos primeiros dias. À medida em que os dias vão passando, vai reduzindo a chance de que ele saia do lugar.
Mas a médica ressalta que, sempre após inserir o dispositivo, é preciso fazer um ultrassom para ver se ele está no lugar correto. A paciente deve repetir o exame a cada seis meses. Especialmente no caso do DIU de cobre, que deve estar posicionado no fundo do útero.
Mesmo sendo muito seguro, o DIU pode falhar, como qualquer outro método anticoncepcional. E isso é mais comum no uso do DIU de cobre do que no uso do DIU de progesterona, segundo a ginecologista Mariana Rosário. “O único método anticoncepcional 100% eficaz é a abstinência”, brinca Ana Paula Mondragon.
Quando a mulher engravida usando o DIU, a primeira providência é procurar o ginecologista. Se o fio do dispositivo estiver visível, o médico pode tracioná-lo e retirá-lo. Mas, se a corda não estiver visível, a gestação vai ter que se desenvolver com o dispositivo dentro do útero. “É uma gravidez que vai ter que ser acompanhada de perto. Toda gestação com o DIU tem uma chance um pouco maior de acontecer aborto, parto prematuro e de romper as membranas de forma precoce”, diz Ana Paula.
Mas, segundo a ginecologista, o DIU não vai provocar uma má formação no bebê ou algo do tipo. Fazendo o acompanhamento correto, diminui-se a chance de acontecer alguma complicação.