A pandemia de coronavírus tem afetado os hábitos alimentares de quase metade da população brasileira. Segundo pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), feita pelo Ibope, uma em cada três famílias com crianças e jovens no País comeu mais alimentos industrializados durante a pandemia.
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Entre as guloseimas consumidas estão macarrão instantâneo, bolos, biscoitos recheados, achocolatados e alimentos enlatados. Houve também aumento do consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas e do consumo de alimentos preparados em restaurantes fast-food (hambúrgueres, esfirras ou pizzas).
O cenário de insegurança alimentar no Brasil ficou ainda mais acentuado durante a pandemia. Segundo a pesquisa, um em cada cinco brasileiros (21%) não teve dinheiro para comprar mais comida quando os alimentos de casa acabaram. Entre as famílias com crianças e adolescentes, o índice chegou a 27%. Além disso, 9% disseram que tiveram fome e deixaram de comer por falta de dinheiro para comprar comida.
“Estamos diante de um cenário preocupante de má nutrição. Por um lado, percebemos o aumento do consumo de alimentos não saudáveis, que contribui significativamente para o aumento do excesso de peso e das doenças crônicas não transmissíveis. Por outro lado, vemos o aumento da insegurança alimentar e nutricional que pode levar à desnutrição e deficiência de micronutrientes”, diz Cristina Albuquerque, chefe de Saúde do Unicef no Brasil.
“A má nutrição tem impactos preocupantes no desenvolvimento das crianças, em especial nos primeiros anos de vida. Essa situação impacta prioritariamente as populações mais vulneráveis com efeitos a longo prazo. É fundamental atuar imediatamente para reverter esse cenário e garantir o acesso de meninas e meninos a uma alimentação adequada e saudável”, completa.
A mudança de hábitos alimentares em famílias com crianças e adolescentes é uma tendência observada em todas as classes econômicas, mas o consumo de alimentos industrializados atinge principalmente as classes com rendas mais baixas. A pesquisa feita pelo Ibope para o Unicef ouviu 1.516 pessoas por telefone, e as entrevistas foram realizadas entre os dias 3 e 18 de julho. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.