Vítima de racismo, Fatou Ndiaye retoma estudos em outro colégio no Rio

Vítima de racismo, Fatou Ndiaye retoma estudos em novo colégio no Rio

Fatou Ndiaye com o pai



A jovem Fatou Ndiaye, que foi vítima de racismo entre alunos do colégio Liceu Franco-Brasileiro, no Rio de Janeiro, iniciou sua jornada em novo colégio na cidade depois de 40 dias sem estudar por conta dos ataques racistas. O recomeço da filha de 15 anos foi festejado pelo pai e professor Mamour Sop Ndiaye.

Fatou Ndiaye com o pai
Imagem: Reprodução/ Instagram @fatouoficial

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“Gratidão aos mestres. Começa a nova jornada na nova escola. Muda de escola. Mas não mudou de sociedade. A luta por um Brasil racialmente mais justo não tem mais volta”, escreveu o pai, que é natural do Senegal, em sua conta no Facebook. A decisão de mudar Fatou de escola foi tomada pela insatisfação com a maneira na qual o Liceu Franco-Brasileiro lidou com a situação.

Em maio, Fatou Ndiaye descobriu mensagens de cunho racistas – “dou dois índios por um africano”, “fede a chorume” – trocadas por alunos do colégio em um grupo no Whatsapp. No dia 18 daquele mês, a escola divulgou um comunicado em nome da equipe técnico-pedagógica dizendo que estavam “profundamente indignados” com as “atitudes extremamente racistas”, e que o colégio “repudia, de forma veemente, toda forma de racismo”.

Após os responsáveis terem sido identificados pela polícia, a escola disse ter afastado os estudantes, que seriam proibidos de frequentar as aulas virtuais durante a pandemia do novo coronavírus. No entanto, a garota reencontrou os colegas envolvidos no caso na aula virtual no mesmo dia em que a família foi informada da decisão do afastamento.

O pai, Mamour Sop Ndiaye, registrou nas redes sociais sua insatisfação com a postura do Liceu Franco-Brasileiro. “O seu colégio sempre a considerava a sua negra de estimação. A usava até para dar boas-vindas aos novos alunos. Mas não passava de uma simples negra no meio de brancos. A nossa relação com o colégio foi sempre um embate racial sem precedentes. E nunca se preocupavam de fato com o quesito diversidade.”

Em uma nota posterior, o colégio reafirmou sua “posição antirracista” e afirmou que ofereceu todo o apoio à aluna Fatou Ndiaye e a sua família. “A escola sempre esteve aberta a Fatou. Neste período, ela assistiu a aulas e participou de avaliações, inclusive em junho, como registrado pelo sistema do colégio”.

Porém, segundo reportagem de “O Globo“, a família de Fatou nega que ela tenha participado de aulas em junho. De acordo o da estudante, a última avaliação realizada por ela foi no dia 16 de maio, e a última aula assistida foi no dia 27 do mesmo mês.

“O colégio deixou claro comigo que se minha família quer continuar estudar lá, terá que conviver com o racismo e sofrer calada, sem reclamar. Tanto é que o mais simples é tirar a negra e ficar com os racistas. E quando o caso passou dos limites, o colégio foi atrás das suas hienas de plantão cujo objetivo era usar o nosso drama para vender serviços, se promover e abafar o caso. Não deu certo. Conto com apoio de muitos e força da nossa ancestralidade para fazer valer a justiça”, continuou.

Dois estudantes do Liceu Franco-Brasileiro foram indiciados pela polícia no início de junho por fato análogo aos crimes de racismo e injúria racial, enquanto um terceiro aluno por fato análogo ao crime de injúria racial. Providências do colégio também foram cobradas pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro

O caso de Fatou Ndiaye repercutiu nas redes sociais, e a jovem vítima de racismo recebeu diversas mensagens de solidariedade. A jovem decidiu então dar voz ao assunto e, assim, tem feito lives no Instagram com personalidades como Taís Araújo, Thelma, do BBB, e Erika Januza, para discutir sobre racismo e outros temas.

Vítima de racismo, Fatou Ndiaye retoma estudos em novo colégio no Rio
Imagem: Reprodução/ Instagram @fatouoficial
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