Pediatras alertam para os perigos do "desafio da rasteira" - Cabeça de Criança

Pediatras alertam para os perigos do “desafio da rasteira”



Desafio da rasteira preocupa pais, educadores e pediatras

Uma brincadeira de mau gosto que viralizou na internet tem causado preocupação entre pais, educadores e pediatras. É o “desafio da rasteira”, ou “desafio quebra-crânio”, que consiste em duas pessoas cercarem uma terceira, falarem para essa que está no meio dar um pulo e tentarem derrubá-la com uma rasteira. A vítima, desavisada, cai de cabeça no chão.

A brincadeira tem sido feita principalmente em escolas e divulgada em redes sociais. No dia 12, a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia emitiu um comunicado alertando para o perigo do desafio.

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Segundo o comunicado, esse tipo de queda pode provocar “lesões irreversíveis ao crânio e encéfalo (traumatismo crânioencefálico – TCE), além de danos à coluna vertebral”. O documento ainda afirma que a vítima pode ter seu desempenho cognitivo afetado, fraturar diversas vértebras, ter prejuízo aos movimentos do corpo e, em casos mais graves, ir a óbito.

Foi o que aconteceu em novembro do ano passado com uma garota de 16 anos em Mossoró (RN), que morreu em decorrência de uma queda causada pela brincadeira.

A Sociedade também adverte que os responsáveis por uma brincadeira desse tipo podem responder penalmente por lesão corporal grave e até homicídio culposo.

Mas por que os adolescentes se envolvem em uma brincadeira tão estúpida e que pode causar tantos danos? A pediatra Loretta Campos diz que a adolescência é uma fase de autoconhecimento e de busca constante por autonomia. “Eles são inconsequentes por natureza e, se não forem maduros, isso se torna ainda pior”. Mas há algo ainda mais latente por trás dessas atitudes arriscadas: o comportamento de grupo. “Isso os levam a atitudes perigosas sem pensar nas consequências. Às vezes como forma de autoafirmação perante os colegas e de romper limites”, afirma Loretta.

Para Michelli Freitas, psicopedagoga e Diretora do Instituto de Educação e Análise do Comportamento (IEAC), a brincadeira também fere a vítima emocionalmente, por ter sido submetida a agressão e ainda ter sido exposta nas redes sociais.

Além disso, Michelli diz que, como a escola é um local onde as crianças e os adolescentes passam muitas horas do dia, a instituição tem um papel muito importante de conscientização e de formação dos alunos. “A escola não pode deixar esse tipo de brincadeira acontecer. Mas, se aconteceu, é necessário realizar um trabalho de rodas de conversa, de jogos e fazer com que isso esteja presente no dia a dia deles e não só em momentos trágicos”, afirma.

A psicopedagoga também diz que os pais também devem conversar com os filhos e entender qual é a percepção que elas têm e orientar para que as crianças saibam como agir em relação a esses desafios. E ela alerta: se a criança achar esse tipo de brincadeira normal, ela pode precisar de uma ajuda profissional para poder mostrar o que é normal e o que não é. “Ela tem que fazer o exercício de se colocar no lugar do outro, de entender o que é uma brincadeira normal, saudável e o que ultrapassa a normalidade, que é aquilo que vai ferir o outro, seja física, seja emocionalmente”, diz Michelli.

 

 

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