Diante do aumento de queimaduras por álcool gel, substância que tem sido amplamente usada para a higienização de mãos, superfícies e compras que chegam da rua durante a pandemia do novo coronavírus, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta pais e responsáveis para prevenção de lesões e acidentes envolvendo crianças.
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Os especialistas pedem atenção redobrada com a presença do álcool gel ou líquido 70% nos domicílios, especialmente com crianças, ressaltando que que a chama é praticamente invisível após a combustão. Assim, a vítima percebe somente quando a queimadura já está acontecendo. “Cabe lembrar que o álcool 70% é um produto inflamável, tanto na sua versão líquida como na versão em gel, que deve ficar afastado do fogo e do calor”, destaca. “Nunca passar álcool em gel e ir manusear o fogão, churrasqueira, cigarros, fósforo ou isqueiro.”
Água e sabão
A SBP aponta também que as queimaduras por álcool gel são mais profundas e graves nas crianças, pois a pele delas é mais fina e delicada. Além disso, a entidade alerta para a venda do produto fabricado de forma irregular, que também contribui para o aumento do número de acidentes. “É preciso deixar claro que a OMS (Organização Mundial da Saúde) nunca divulgou nenhuma receita para fabricação caseira de álcool gel”, enfatiza.
Para manter o ambiente doméstico seguro, a SBP aconselha privilegiar outros produtos na limpeza da casa e ensinar as crianças a lavarem corretamente as mãos com água e sabão, reservando o uso do álcool gel para casos de necessidade quando estiverem fora de casa. “O uso de álcool em gel só deve ser feito com a supervisão de um adulto e quando não for possível o acesso à água e sabão para higienização das mãos”, reforça. Além do perigo das queimaduras por fogo, o álcool gel pode causar queimaduras na córnea em contato com os olhos ou intoxicação no caso de ingestão.
Queimados da quarentena
Divulgados pela Folha de S. Paulo, dados da SBQ (Sociedade Brasileira de Queimaduras) de centros de tratamento de queimados de 19 estados mostram que 445 pessoas foram internadas desde 20 de março com queimaduras relacionadas ao álcool 70% em gel ou líquido. O jornal também aponta que a data coincide com uma resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que flexibilizou a venda do álcool líquido 70% em embalagens de um litro. A norma tem validade de 180 dias e vai até setembro.
“As pessoas têm usado o álcool sem orientação adequada. Usam em casa, para higienizar objetos, passam no corpo todo e se aproximam de chamas, vão para cozinha e é onde acontecem os acidentes”, ressalta o presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras, José Adorno. Segundo o órgão, houve um aumento de 25% desse tipo de acidente desde o início da pandemia.
Entre as medidas de socorro imediato à vítima, a SBP sugere “fazer o resfriamento da área lesada debaixo de água corrente fria (não é gelada) por vários minutos, retirar bijuterias ou joias que possam estar pressionando a região, antes que ocorra edema, medicar com analgésico para alívio da dor, e em seguida cobrir a queimadura com um pano ou toalha (limpa) e se dirigir para a emergência.”