A história de Jéssica Victor Guedes comoveu a internet. A moça de 30 anos estava grávida de sete meses (29 semanas) e sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) a caminho da cerimônia de seu casamento com o policial militar Flávio Gonçalves da Costa, no último domingo (15).
Jéssica foi socorrida pelo próprio noivo, que já trabalhou como bombeiro, e foi levada ao hospital, mas não resistiu. O AVC foi causado por um quadro de pré-eclâmpsia, caracterizado por uma pressão arterial alta.
A filha de Jéssica e Flávio, Sophia, sobreviveu depois de uma cesárea de emergência e está internada na UTI do hospital Pro Matre, na capital paulista. A bebê nasceu com apenas um quilo.
Na quarta-feira (18), o hospital Pro Matre divulgou um comunicado dizendo que irá oferecer o tratamento à pequena Sophia.
Veja o comunicado na íntegra:
“Carta à Imprensa
Nós da Pro Matre Paulista e toda nossa equipe nos solidarizamos com a dor do Tenente Flávio Gonçalves da Costa e das famílias dele e da paciente Jessica Victor Guedes, que deu entrada na Maternidade no último domingo, 15 de setembro de 2019, com quadro grave de eclampsia. Diante das necessidades, e para garantir que o Tenente Gonçalves possa exercer seu papel de pai e dedicar todo amor do mundo que a pequena Sophia merece e precisa, sem preocupação ou a interferência de outros motivos, nós da Instituição nos antecipamos para que os valores da internação não sejam impedimento para a permanência da Sophia na UTI Neonatal e, com isso, não implicará em qualquer ônus às famílias.
Eclâmpsia e pré-eclâmpsia:
A pré-eclâmpsia é o surgimento da hipertensão e perda de proteínas pela urina depois de 20 semanas de gestação.
A pré-eclâmpsia pode evoluir para a eclâmpsia, uma forma grave da doença, que causa convulsões e põe em risco a vida da mãe e do feto. As convulsões podem ser precedidas por dor de cabeça, de estômago e perturbações visuais
As causas da doença ainda não foram bem estabelecidas, mas sabe-se que estão associadas à hipertensão arterial, que pode ser crônica ou especifica da gravidez.
A pré-eclâmpsia afeta 3 a 7% das gestantes, e também pode ser desenvolvida pós-parto (até 25% dos casos), com mais frequência nos 4 primeiros dias, mas, em alguns casos, em até 6 semanas após o parto.
Os fatores de risco incluem: primeira gestação, hipertensão crônica preexistente, distúrbios vasculares, distúrbios renais, diabetes preexistente ou gestacional, idade materna avançada (mais de 35 anos) ou muito jovem (menor de 17 anos), história familiar de pré-eclâmpsia, pré-eclâmpsia ou maus resultados em gestações anteriores, gestação múltipla, obesidade e distúrbios trombóticos.
A pré-eclâmpsia pode ser assintomática ou causar entre os sintomas mais comuns, ganho de peso excessivo, edema (principalmente inchaço nos membros inferiores, nos dedos e na face – se o anel não entra mais, por exemplo, é um sinal de edema dos dedos) e perda de proteína pela urina, que pode ser detectada por exames.
A doença pode provocar dor de cabeça intensa, distúrbios visuais, confusão, dor abdominal e, em casos mais raros, como o de Jéssica, acidente vascular cerebral. Também pode ocorrer isquemia, ou fluxo de sangue reduzido, que pode causar danos nos órgãos, especialmente cérebro, rins e fígado.
A pré-eclâmpsia também pode causar restrição do crescimento fetal ou a morte do bebê.
O tratamento inclui a administração de sulfato de magnésico para prevenir ou tratar as convulsões e tratamento anti-hipertensivo. As pacientes devem fazer um acompanhamento pré-natal rigoroso, repouso, medir com frequência a pressão arterial e adotar uma dieta com pouco sal.
Dependendo de fatores como a idade gestacional e gravidade da pré-eclâmpsia, o parto pode ser antecipado.
Fonte: Drauzio Varella e Manual MSD